Girolando: conheça o animal que equilibra a genética com a produção de leite

Atualmente, por conta da demanda crescente por alimento em todo o mundo, tem se tornado cada vez mais necessário as exigências por uma produção de gado mais sustentável. Com isso, o interesse pela raça Girolando, vem sendo cada vez mais eminente em nosso meio.

Dessa forma, por conta das suas excelentes características, já não restam mais dúvidas de que a mesma já é uma das favoritas em nosso país quando o assunto é produção leiteira.

Confira neste artigo que preparamos, tudo o que você precisa saber sobre a espécie que vem ganhando o coração do agronegócio!

Saiba tudo sobre a origem da raça Girolando no Brasil!

O dia 1° de fevereiro marca o reconhecimento oficial do Girolando como raça bovina brasileira pelo Ministério da Agricultura. Tal fato, que ocorreu no ano de 1996.

Responsável por 80% do leite produzido no país, conforme dados da Embrapa Gado de Leite, a raça atende o conceito de “Vaca do futuro”, que se baseia em um animalcom um baixo impacto ambiental. Além disso, o mesmo ainda conta com a maior eficiente em produção, tolerante às mudanças climáticas e que contribua para a redução na emissão de gases de efeito estufa.

A raça Girolando, surgiu por volta da década de 1940, no Vale do Paraíba, no estado de São Paulo. Isso ocorreu após um touro da raça Gir ter invadido uma pastagem vizinha e cobrido algumas vacas da raça Holandesa. Ao nascerem os produtos desse cruzamento, os criadores observaram que eram animais com características diferentes e que, com o tempo, foram demonstrando maior rusticidade, precocidade e grande produção de leite.

Com o tempo, o cruzamento passou a ser largamente utilizado no país e com a fundação da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando. Mas, em 1978 buscou-se a formação da raça por meio de cruzamentos direcionados para atender os critérios definidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. São registradas composições raciais que variam desde o 1/4 HOL + 3/4 GIR até o 7/8 HOL + 1/8 GIR. No entanto, o direcionamento dos acasalamentos busca a fixação do padrão racial na composição racial 5/8 HOL + 3/8 GIR, com objetivo de consolidar um gado produtivo e padronizado, que atenda às necessidades dos produtores de leite. Os animais advindos do acasalamento entre indivíduos 5/8 HOL são considerados como Puro Sintético (PS) Girolando, ou seja, a raça propriamente dita.

Entre as raças leiteiras, é a que tem o maior número de animais registrados no Brasil, atingindo 2.131.370 registros acumulados no período de 1989 a 2022. No entanto, 93.551 desses registros efetuaram-se em 2022 pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando.

Conheça os avanços genéticos da raça Girolando!

Com o uso das tecnologias na seleção dos animais, houve um crescente incremento na produção de leite das vacas Girolando, conforme dados da Embrapa Gado de Leite. Considerando a produção de leite em até 305 dias, em 2000, a produção média alcançava 3.695 kg e, já em 2021. Contudo, essa média aumentou para 6.032 kg, representando um aumento de 60% no período de 20 anos.

A raça Girolando também é a que mais cresce na produção de sêmen, no Brasil, chegando à marca de 920.848 doses produzidas no ano de 2021, o que representa um aumento de mais de 9% em relação ao ano de 2020.

Uma raça ambientalmente correta!

O Girolando é uma alternativa importante para os produtores de leite contornarem os desafios climáticos, fazendo com que seja possível atender os requisitos da COP-26, em um dos cinco pilares, a agricultura e pecuária de baixo carbono e preservando as condições de bem-estar animal.

Estudos realizados pela Embrapa Gado de Leite ao longo de 18 anos (2000 a 2018) comprovam a sustentabilidade da raça. Contudo, houve um aumento de 60% na produção de leite de bovinos Girolando enquanto a emissão de metano apresentou redução de 40% no período estudado.

Sendo assim, com base nos resultados obtidos por meio do minucioso estudo, considerando mais de 650 mil controles leiteiros, de mais de 69 mil vacas, e com aproximadamente 21 mil animais genotipados, coletados de 2000 a 2020 no Brasil todo, verificou-se também, um ótimo desempenho da raça para tolerância ao calor.

Resistência ao estresse térmico!

Com base no que foi lido acima, ficou comprovada a superioridade dos animais Girolando para tolerância ao estresse térmico quando comparada à raça Holandesa. A diferença chegou a 10ºC quando comparamos os limites extremos de tolerância ao calor. Esta diferença é extremamente significativa quando se trata de sistemas de produção a pasto em clima tropical, como é o caso do Brasil. Pois, mostra que os animais da raça Girolando mantêm estáveis suas produções de leite, apesar do aumento da temperatura.

Quando as vacas estão em estresse térmico podem deixar de produzir em média 1.000kg de leite, considerando uma lactação de 305 dias. Em casos de estresse térmico severo, as perdas produtivas superaram os 2.000kg de leite por lactação. Valores muito expressivos e que demonstram que uma vaca, em uma única lactação, pode deixar de produzir até 34%. A perda produtiva gera impacto negativo em toda a cadeia do leite e ao mercado consumidor, em função da sazonalidade da sua produção nos trópicos. Por isso, o pecuarista deve ficar atento a essa característica na hora de selecionar os animais de seu rebanho.

Em 2022, a classificação de tolerância ao estresse térmico foi incluída no Sumário de Touros da raça. Isso permitirá aos criadores incluírem essa característica em seus sistemas de seleção, produzindo com maior consciência ambiental, dentro das atuais demandas do mercado mundial. O que, de certa forma, abrirá novas fronteiras para a genética da raça. Sendo assim, devido a esses e a outros fatores, a raça Girolando vem ganhando cada vez mais reconhecimento nacional e internacional. Desta forma, tornou-se a preferida para produção de leite nas regiões tropicais.

Gostou de saber mais sobre o maior produtor leiteiro do país? Então não deixe de acompanhar o nosso blog e estar sempre por dentro das melhores novidades do agronegócio!