Gado Girolando: veja como a produção da raça pode aumentar a sua rentabilidade
O Brasil é o quinto maior país produtor de leite, produzindo cerca de 7% de todo o volume de leite mundial, segundo dados da Conab. Com grandes extensões territoriais e climas variados nas suas diferentes regiões, produzir leite no Brasil pode ser um desafio para os produtores que não possuem vacas bem adaptadas às suas condições.
Antes de iniciar na atividade leiteira é importante que o produtor saiba qual a raça que será mais interessante para a sua propriedade, pois raças diferentes possuem exigências e produtividades diferentes, e isso influencia diretamente no lucro da atividade. Além disso, conhecer as características das raças leiteiras permite ao produtor fazer o melhoramento genético do rebanho, por meio de cruzamentos que irão produzir animais que atendam aos interesses do produtor, seja para aumentar a produção de leite, de sólidos ou ter mais rusticidade.
Nesse contexto, características importantes da raça Girolando podem contribuir para a rentabilidade das propriedades brasileiras. Genuinamente brasileira, já está presente na grande maioria das fazendas leiteiras.
Principais características
Responsável por 80% do leite produzido no Brasil, a raça Girolando tem como diferenciais a alta produtividade, rusticidade, precocidade, longevidade e fertilidade, além da alta capacidade de adaptação a diferentes tipos de manejo e clima.
As fêmeas Girolando possuem características fisiológicas e morfológicas perfeitas para a produção nos trópicos, como a capacidade e suporte de úbere, tamanho de tetas, pigmentação, capacidade termorreguladora, aprumos e pés fortes, conversão alimentar, eficiência reprodutiva. Essas são características que garantem maior produtividade e menor custo de produção, melhorando a rentabilidade do negócio.
Eficiência Reprodutiva
Este é um dos pontos fortes da raça, pois se adapta muito rapidamente às condições que é submetida.
A conformação anatômica do aparelho reprodutivo das matrizes Girolando é perfeita, corrigindo até os problemas que são notados nas raças puras. Tanto novilhas como vacas, possuem baixos índices de problemas de parto e retenção de placenta.
Nos machos Girolando, a temperatura do corpo está intimamente relacionada com a regulação da temperatura da bolsa escrotal (descida e subida), proporcionando, assim, uma maior produção de espermatozoides viáveis.
Produção Leiteira
Graças aos constantes investimentos em melhoramento genético feito pelos criadores, as vacas Girolando vêm registrando um crescente aumento na produção de leite. Considerando a produção de leite em até 305 dias, a produção alcançava foi de 6.032 kg em 2022. O pico de produção de leite chega até os 8 anos, e produz satisfatoriamente até aos 15 anos de idade.
Longevidade
Em rebanhos leiteiros, a longevidade das vacas se refere ao tempo em que essas permanecem no rebanho, evitando o seu descarte involuntário. Com o objetivo de selecionar animais mais longevos e produtivos para a Girolando, desde 2021, o Sumário de Touros da raça inclui o índice de longevidade (ILG). O ILG permite selecionar touros cujas filhas tenham maior taxa de permanência no rebanho, o que pode reduzir os gastos com a recria e aumentar os lucros da atividade.
Quando a longevidade é aumentada, abre-se a oportunidade para o maior descarte de vacas menos produtivas, gerando impacto positivo na lucratividade da atividade leiteira, em virtude da redução dos custos de reposição e do aumento da produtividade por animal, que é obtido em sua maturidade.
As vacas têm sua vida produtiva interrompida por altas taxas de descarte, principalmente em virtude do descarte involuntário. Problemas de saúde, como mastite e alta CCS (Contagem de Células Somáticas), além de claudicações causadas por laminite, acidentes e injúrias e, principalmente, falhas reprodutivas, são responsáveis por grande parte do descarte involuntário e têm impacto negativo na produtividade e na longevidade, reduzindo a eficiência do rebanho.
Ressalta-se que há maneiras diferentes de se medir a longevidade, como, por exemplo, idade ao último parto, número de lactações, tempo entre primeiro parto e o descarte, idade ao descarte ou sobrevivência em diferentes idades, entre outras.
Persistência na lactação
Esta é outra característica que impacta na rentabilidade da pecuária leiteira e que vem sendo geneticamente trabalhada na raça Girolando. A persistência na lactação pode ser definida como a capacidade da vaca em manter sua produção de leite após atingir sua produção máxima ou o pico de lactação. Podemos dizer que uma vaca é mais persistente quando a sua curva de lactação apresentar menor declínio em relação à de outra vaca.
Vacas com lactações mais persistentes apresentam formatos de curvas de lactações mais achatados e com distribuições mais equilibradas das produções de leite no decorrer das suas lactações. Além disso, vacas com maiores persistências da lactação são consideradas vantajosas por várias razões, principalmente no que se refere aos aspectos econômicos, dado que maior retorno é obtido pela produção adicional de leite de vacas com maiores persistências da lactação.
Para as vacas de maior persistência há, também, redução dos custos com alimentação, pois elas têm necessidade energética mais constante ao longo de toda a lactação. Mais um fator positivo é que curvas de lactação com maiores persistências podem influenciar, de forma positiva, a longevidade dos animais e adiar o período médio para o descarte voluntário.