Raça Girolando: como ela revolucionou a produção de leite no Brasil
A pecuária brasileira vem, cada dia mais, melhorando o seu desempenho. Entre 1974 e 2021, a produção de leite no Brasil saltou de 5,2 milhões de toneladas/ano para 35,5 milhões de t/ano. Os investimentos em tecnologia e melhoramento genético estão entre as ações que levaram a esse avanço. Entre eles, a raça Girolando está se tornando cada vez mais presente. Os números da mesma, exemplificam esse crescimento.
O incremento na produção de leite das vacas dessa raça é constante nos últimos anos. Sendo assim, considerando a produção de leite em até 305 dias, em 2000, a produção média alcançava 3.695 kg.No entanto, em 2021, essa média aumentou para 6.032 kg, representando um aumento de 60% no período de 20 anos. Um desempenho bem acima da média nacional. A produtividade por vaca é de 2,2 mil litros.
A raça Girolando foi criada objetivando a formação de uma população bovina capaz de produzir leite de modo sustentável nas regiões tropicais e subtropicais. Dessa forma, no Brasil, essa raça possui grande aceitação e cerca de 80% do leite produzidono país provêm desse animal, sendo capaz de manter bom nível de produção em diferentes sistemas de manejo e de condições climáticas.
Pensando na importância que este animal tem em nosso meio, criamos este artigo para que você tenha todas as informações necessárias sobre o mesmo. Continue a sua leitura e saiba mais!
Composição racial do Girolando
Considerada como uma raça sintética, o Girolando pode ser obtido a partir de diversos cruzamentos, sendo fundamentada no cruzamento das raças Holandesa (HOL) e Gir (GIR), No entanto, precisam passar pelas composições raciais que variam desde o 1/4 HOL + 3/4 GIR até o 7/8 HOL + 1/8 GIR. Dessa forma, o direcionamento dos acasalamentos buscam a fixação do padrão racial na composição 5/8 HOL + 3/8 GIR.
Os animais 5/8 adaptam-se bem em qualquer região ou sistema de produção, seja semi-intensivo, a pasto ou em confinamento. Portanto, nos dias de hoje, existem vários índices demonstrando que a termorregulação deles é muito próxima às composições raciais mais resistentes. Portanto,a persistência da lactação, a duração de lactação, os índices reprodutivos também são considerados muito bons. Além disso, são animais com grande facilidade de adaptação aos mais diferentes manejos e rusticidade aliada à produção de leite.
Com o melhoramento genético constante das demais composições raciais e das raças mães Gir Leiteiro e Holandês, os criadores têm utilizado matrizes CCG 1/2 de muita qualidade para fazer as vacas CCG 1/4, que serão as mães das vacas 5/8. Com isso, o 5/8 e o PS estão colhendo os frutos do trabalho de seleção que vem sendo feito nos acasalamentos anteriores. Os animais que têm chegado ao mercado estão se destacando bastante.
Longevidade
Outra contribuição da raça Girolando para a pecuária nacional é sua longevidade, característica que está ligada não só ao desempenho econômico das fazendas, mas também, à sustentabilidade da cadeia produtiva e ao bem-estar animal. Ter vacas longevas significa que o criador soube combinar bem vários aspectos diferentes durante a vida útil do animal.
O Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG) conta, desde 2021, com o Índice de Longevidade (ILG), que integra o Sumário de Touros da Raça. Trata-se de uma característica influenciada por diferentes fatores ligados ao ambiente, como: alimentação adequada, cuidados veterinários, disponibilidade de novilhas, custo de recria, entre outros. Mas, também está relacionada a fatores genéticos. Com este novo índice, é possível selecionar touro cujas filhas tenham maior taxa de permanência no rebanho, o que pode reduzir os gastos com a recria e aumentar os lucros da atividade. Quando a longevidade é aumentada, abre-se a oportunidade para o maior descarte de vacas menos produtivas, gerando impacto positivo na lucratividade da atividade leiteira, em virtude da redução dos custos de reposição e do aumento da produtividade por animal, que é obtido em sua maturidade.
Além dos ganhos em rentabilidade, maior produção média de leite e melhor proporção de vacas adultas no rebanho, a longevidade traz impactos na fertilidade. Trabalhos científicos mostram que vacas mais longevas apresentam menor intervalo entre partos, menos problemas de parto e menor CCS (Contagem de Células Somáticas). O aumento da longevidade de três para quatro lactações permite acréscimo no rendimento médio de leite por lactação e a elevação dos lucros, por ano, entre 11 a 13%.
Um animal longevo também deve ser resistente às desordens metabólicas e mastite, apresentando altas produções de leite de qualidade.
Saiba tudo sobre o mercado lácteo da raça Girolando!
A importância que a atividade leiteira adquiriu no Brasil nas últimas cinco décadas é incontestável. Pois, a sua produção cresceu 673% e o consumo de lácteos 240%, com evidências sinalizadas pelo próprio mercado. Enquanto o preço real do leite pago ao produtor caiu ao longo desse período, a produção de leite aumentou, com menos da metade de produtores na ativa.
A heterogeneidade e o caráter disperso da produção de leite no país têm determinado uma demanda constante por tecnificação, melhoria no manejo e gestão. E a raça Girolando vem sendo utilizada em todo o país, seja na pecuária a pasto ou em confinamento, apresentando bom desempenho nos mais diversos sistemas.
O cenário vem apresentando um aumento na concentração da atividade, com acréscimo na produção dos 100 maiores municípios produtores, o qual foi da ordem de 3,76% em 2020 frente a 2019, sendo que já havia apresentado crescimento de 8,67% em relação a 2018. Em 2020, os cinco maiores estados em produção concentraram mais de 70% do total nacional, com Minas Gerais liderando com participação de 27,34%. Em Minas concentra-se um dos maiores rebanhos de Girolando do país. Agora você já sabe tudo o que precisa sobre essa raça, não é mesmo? Então, para continuar lendo artigos como esse, não deixe de nos acompanhar em nosso blog!