Raças de gado de leite: descubra qual é a que mais cresce na América Latina
A produção mundial de leite deve crescer 1,7% por ano nos próximos anos, segundo dados da OECD-FAO. Já o crescimento projetado em número de animais produtores de leite (1,1%) deve ser maior do que o crescimento médio projetado da produtividade (0,7%), porque os rebanhos devem crescer mais rapidamente em países com rendimentos mais baixos. A produção do segundo maior produtor mundial de A produção de leite no Brasil saltou de 5,2 milhões de t para 35,5 milhões de t/ano entre 1974 e 2021.
Atualmente, as vacas são responsáveis por 81% do leite produzido, o restante vem de búfala (15%) e cabra, ovelha e camelo (4% de leite).
Dentro deste cenário, algumas raças leiteiras têm maior participação na produção do continente. Confira as que mais impactam em relação à produtividade:
Raça Girolando
Responsável por 80% do leite produzido no Brasil, a raça Girolando tem como diferenciais a alta produtividade, rusticidade, precocidade, longevidade e fertilidade, além da alta capacidade de adaptação a diferentes tipos de manejo e clima. Sua utilização vem crescendo também na América Latina. Países como Bolívia, Colômbia, Equador, Guatemala, Costa Rica, Panamá, Paraguai, República Dominicana, dentre outros, já contam com a seleção de Girolando.
A raça tem apresentado um crescente incremento na produção de leite das suas vacas. Considerando a produção de leite em até 305 dias, em 2000, a produção média alcançava 3.695 kg e, já em 2021, essa média aumentou para 6.032 kg, representando um aumento de 60% no período de 20 anos.
As fêmeas Girolando possuem características fisiológicas e morfológicas perfeitas para a produção nos trópicos, como a capacidade e suporte de úbere, tamanho de tetas, pigmentação, capacidade termorreguladora, aprumos e pés fortes, conversão alimentar, eficiência reprodutiva.
Líder na venda de sêmen entre as leiteiras nacionais, é uma raça Puro Sintética (PS) que surgiu no Brasil por volta da década de 1940, no Vale do Paraíba, estado de São Paulo, a partir do cruzamento das raças Gir e Holandês, e foi reconhecida oficialmente como raça sintética em 1° de fevereiro de 1996 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Por todo esse potencial leiteiro, o Girolando está entre as raças leiteiras selecionadas pela ACN Agropecuária. O rebanho é avaliado pelo Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG) e é todo registrado pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando.
Raça Gir Leiteiro
Importada da Índia, a raça Gir Leiteiro é o zebuíno de maior produtividade leiteira em clima tropical. Caracteriza-se pela rusticidade e resistência a endo e ectoparasitas. Outra característica é o sistema termorregulador que permite que a vaca tolere altas temperaturas sem entrar em estresse térmico. Tem grande capacidade de converter pastagens em leite, tornando o custo de produção da atividade mais baixo do que os animais confinados. Por apresentar maior rusticidade e resistência a raça dispensa a grande utilização de medicamentos e carrapaticidas que deixam resíduo no leite.
Essas características fazem do Gir Leiteiro a raça selecionada no Brasil mais procurada pelos estrangeiros, tanto da América Latina, quanto de outros continentes.
As vacas Gir Leiteiro produzem um leite com grande porcentagem de gordura e proteína, sendo assim um produto bastante apreciado pela indústria de laticínios. Outra vantagem é a produção do leite A2A2, que é menos alergênico.
A base do rebanho Gir Leiteiro da ACN foi formada por indivíduos das melhores linhagens da raça, vindos de criatórios referência. O plantel é avaliado pelo PMGZ e pelo Programa a Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL), com touros participantes do Teste de Progênie da raça.
Raça Holandesa
A raça Holandesa possui características marcantes quando trata de produção de leite e sua história tem início há mais de 2000 anos. É uma raça europeia (Bos taurus taurus) especializada na produção de leite amplamente utilizada no mundo, sendo conhecida por ser a maior produtora de leite em volume. A raça é muito popular internacionalmente, sendo bastante utilizada no Brasil, especialmente em direção ao Sul do país.
Por ser uma raça que possui o clima frio como origem, a exigência dos animais quanto ao clima são altas e a adaptação à climas mais quentes, como os do Brasil, é mais difícil. Entretanto, a raça é muito utilizada como matriz em cruzamentos, com a intenção de transmitir o gene expressivo de alta produção para as novas linhagens. Ela entra na formação da raça Girolando.
Mesmo com suas exigências a respeito de clima e temperatura, os animais da raça Holandesa fazem parte da maior parcela de material genético importado para o Brasil, melhorando os índices de produção de leite no país.
Sua produção pode variar de acordo com manejo e sistemas de produção. As vacas Holandesas podem atingir mais de 50 litros de leite em um mesmo dia, em cerca de 3 ou 4 ordenhas. Com seu leite apresentando baixo teor de gordura, os dados médios são de 6 a 10 mil kg, em 305 dias de lactação.